“TV digital não é sinónimo de TV interactiva”

Estive na Universidade de Aveiro, na última sexta-feira, onde conversei com o Eng.º Jorge Ferraz. Ele concluiu, há alguns meses, sua tese de doutoramento, sobre a televisão interactiva. Jorge Ferraz desenvolveu uma plataforma  de interactividade para a televisão, que pode ser utilizada mesmo na TV analógica.

Por meio de uma set top box, ele alia a tecnologia Web e o sinal televisivo, permitindo aos telespectadores interagirem uns com os outros, por meio de chats, email, ferramentas de transferência de ficheiros, etc.

Jorge Ferraz desfaz o mito de que a TV digital terrestre é sinónimo de interactividade. Confira alguns trechos da conversa que tivemos, os quais transcrevo a seguir, divididos por temas:

TELEVISÃO DIGITAL E INTERACTIVIDADE

“Quando se fala em televisão digital, a maioria das pessoas vê como televisão interactiva. E não é, de forma alguma. A televisão digital terrestre tem um grande benefício, que é essencialmente económico. É um benefício espectral. Numa mesma largura de banda de um canal de televisão analógico torna-se possível colocar oito canais de televisão digital, ou, se perdermos um bocado da qualidade, pode-se codificá-los mais e conseguir pôr 16 canais, libertando espectro. Mas, como a TV digital terrestre não implica um canal de retorno, ela não é garantia de interactividade.”

TV DIGITAL TERRESTRE MÓVEL

“O espectro é um bem raro hoje em dia e o switch off analógico vai liberar espaço para comunicações móveis, nomeadamente para a implementação do DVB-H (estandard padrão na Europa para a transmissão digital terrestre móvel). Portanto, vai trazer a possibilidade da TV móvel se instalar num modelo de broadcast.”

OS FUTUROS TELEVISORES

A questão dos standards é sempre um entrave à implementação de uma aplicação de raiz, num software que um televisor possa ter. Os televisores que tenham, por exemplo, uma interface com guia de programação electrónica e funcionem em Inglaterra, se calhar não funcionarão em França ou em Portugal, porque o broadcast pode não utilizar o mesmo sistema. Além disso, há aplicações que podem funcionar bem num mercado e não noutro. Portanto, não vejo que haja muito investimento, por parte dos fabricantes, para colocar aplicações de televisão interactiva nos aparelhos. Os aportes sempre serão trazidos por set top boxes, por equipamentos paralelos. Mas, certamente, os televisores terão mais funcionalidades, poderão vir com câmara e microfone integrados, com funcionalidades de gravação, etc.”

1 responses to ““TV digital não é sinónimo de TV interactiva”

  1. Além disso a maioria das TVs que se vendem cá com receptor TDT interno não estão preparadas para a norma MPEG4a adpotada pela ANACOM.

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