Deputada utiliza argumento equivocado ao justificar ser contra à inclusão dos canais da RTP na TDT

Acabei de enviar um email à deputada Francisca Almeida (PSD) que disse, em entrevista ao Correio da Manhã, que votará contra o projeto de lei proposto pelo PCP para que todos os canais da RTP sejam disponibilizados na TDT.

O teor do email foi o seguinte:

“Prezada Deputada,

Li a entrevista que concedeu ao Correio da Manhã e pude observar que há ali um grave erro. Não se pode contabilizar como perda de receitas o valor que a RTP recebe dos operadores de TV paga, caso os canais sejam exibidos também na TDT. Uma coisa não anula a outra. Mesmo que esteja em TV aberta, a RTP continuará nas plataformas por subscrição e continuará a receber o que recebe.

Além disso, é preciso lembrar que o Estado recebeu mais de 300 milhões de euros com o leilão das faixas que servirão para o serviço 4G. Mas a população não recebeu nada em troca. Haverá mais frequências livres após o apagão analógico, que poderão ser concedidas para outros serviços de comunicação eletrónicos, inclusive para a própria RTP, que poderia compensar os custos que terá caso transmita todos os seus canais de forma livre.

Há diversos modelos de sucesso na Europa que poderiam ser adaptados, sem prejudicar o mercado doméstico televisivo. Um deles é a alocação de espectro para os chamados ‘Walled Gardens’, que são serviços espectrais interativos, que podem servir para operações bancárias, para o cidadão aceder a serviços públicos, como o sistema nacional de saúde, etc. Há ainda a possibilidade de haver um canal complementar de televendas.

Em todos os países da União Europeia os canais públicos foram reforçados. Incomoda-me o facto de decisões tão importantes serem tomadas com base em suposições. Não seria hora da Assembleia da República fazer um estudo aprofundado sobre tudo que envolve a TDT? Foi por este motivo que sugeri que fosse instaurada uma CPI para investigar a TDT, pois há sempre informações que não estão corretas a serem utilizadas de forma a impedir que a população mais carenciada aceda a um melhor serviço televisivo.”

3 responses to “Deputada utiliza argumento equivocado ao justificar ser contra à inclusão dos canais da RTP na TDT

  1. Uma coisa é certa: todos pagamos pelos canais da RTP, mas só alguns têm acesso à maioria (incluindo o único HD). É esta falta de transparência sobre o que pagamos ao certo e o que obtemos em troca que por certo irá servir de álibi para a tão falada privatização de um canal da RTP. Como sempre, privatiza-se o que dá lucro, nacionalizam-se os buracos.

  2. É absolutamnete falso que custe esse valor emitir na TDT! Por um lado temos que o preço da emissão em digital é muito, muito mais baixo do que em analógico, eu diria que o custo será na ordem dos 300.000 Euros/ ano, muito longe do anunciado.
    Por outro lado, emitir em aberto iria gerar mais RECEITAS! Nunca dar prejuizo. E porquê? Porque um canal em aberto chega a mais gente, a sua publicidade vale mais. E temos mais um efeito – o canal ao ficar mais popularizado e enraizado tornar-se-á imprescindível nas redes de cabo, terá mais peso negocial! Ou seja, o efeito será o oposto! Ao emitir em aberto, a RTP Informação poderá sim renegociar e aumentar até a sua receita, pois já não ficará dependente das plataformas pagas para ser distribuido. A prova disto é que a receita total da RTP, das plataformas cabo, é de 14 Milhões e apenas 5,5 vêm dos 2 canais fechados! O resto vem dos canais abertos, RTP-1, RTP2, Açores, Madeira. etc.

    É importante termos em mente uma coisa: Os políticos MENTEM. E mentem muito. Nada do que disserem é verdade e temos que perceber as suas verdadeiras motivações.

  3. A deputada demonstrou não ter conhecimento do assunto e, ao menos de acordo com o que está na reportagem, baseia a sua decisão em suposições. Seria importante que um assunto como este, que iria beneficiar milhares de portugueses, fosse tratado como deve ser, com estudos aprofundados para embasar as decisões políticas.

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